segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Noção de tática e estratégia em Clausewitz

"A condução da guerra é pois a ordem e a condução do combate. Se o combate consistisse numa só ação, qualquer divisão suplementar não teria nenhum sentido. Mas o combate consiste num maior ou menor número de ações distintas que formam um todo e a que se chamam recontros (...). Foi isso que deu origem a essa atividade completamente diferente que consiste em ordenar e dirigir esses recontros distintos, em seguida a coordená-los entre si com vista à guerra. A uma chamou-se tática, à outra estratégia. (...) Segundo a nossa classificação, a tática é pois a teoria relativa à utilização das forças armadas no recontro. A estratégia é a teoria relativa à utilização dos recontros a serviço da guerra. (...) A estratégia é a utilização do recontro para atingir a finalidade da guerra. Para falar em termos exatos, ela só se ocupa do recontro, mas a sua teoria nas suas considerações deve integrar o agente dessa atividade específica, isto é, as forças armadas em si mesmas e as suas principais relações, sendo o recontro determinado por elas e exercendo sobre elas os seus efeitos imediatos. O próprio recontro deve ser estudado sob o ângulo das forças morais e intelectuais que utiliza. Ela [a estratégia] tem pois que fixar uma finalidade para o conjunto do ato de guerra que corresponda ao objetivo da guerra. Quer dizer: estabelece o plano de guerra e determina em função do objetivo em questão uma série de ações que a ele conduzem; elabora portanto os planos das diferentes campanhas e organiza os diferentes recontros. (...) A teoria seguirá pois a estratégia na elaboração desse plano, mais precisamente tornará as coisas mais claras em si próprias e em função de suas relações recíprocas, acentuando os poucos princípios e regras que daí resultam. (...) O plano de guerra engloba o ato de guerra total, que graças a ele se torna uma operação única, com um só objetivo final definido, e no qual todos os objetivos particulares se fundiram".  (Clausewitz, “Da Guerra”, Editora Martins Fontes; p. 92, 93, 171, 173).

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